Em boletim, o CNE – Coletivo Nacional dos Eletricitários – sugere uma reflexão sobre o capital social da Eletrobras, uma vez que a venda da Eletrobras atiça o interesse de grandes investidores nacionais e estrangeiros.
Vejam as informações sobre o capital social a Eletrobras:
Representatividade de Fundos de Pensão Norte-Americanos no capital social da Eletrobras – a leitura de uma Ata de Assembleia Geral Ordinária da Eletrobras permite identificar que categorias profissionais de norte-americanos que vivem no Alaska, Califórnia, New York, Oregon, Idaho, Mississipi, Minnesota, New Jersey, Santa Barbara, Texas, Illinois, Califórnia, Ohio, Washington, Los Angeles, Wisconsin, Virginia , Missouri e vários outros tem ações da Eletrobras.
Enquanto no Brasil tentam fragilizar a previdência dos brasileiros, os países ricos buscam ampliar a geração de riqueza para os fundos de previdência de seus cidadãos. O apoio à privatização dos segmentos de água, energia, petróleo e gás nos países em desenvolvimento constitui um corolário deste modelo. São recursos estratégicos no contexto global. A privatização seria uma oportunidade para estes fundos ampliarem as suas fatias no capital social da empresa.
Representatividade de fundos de pensão de empresas norte-americanas e europeias de porte global no capital social da Eletrobras – Diversos fundos de pensão ligados a empresas de porte global como AT&T, General Electric, IBM, Boeing, British Airways, Ford, Caterpillar, dentre outros, possuem ações da Eletrobras. O envelhecimento da população nestes países e seus reflexos demográficos fazem com que a busca de riquezas nos países em desenvolvimento seja uma forma de sustentar o custo previdenciário. Há enorme chance da privatização da Eletrobras significar a desnacionalização do controle da Eletrobras.
Representatividade de Fundos Soberanos de diversos países no capital social da Eletrobras
A privatização da Eletrobras beneficiaria fundos ligados a governos de outros países – Países como o Japão, Noruega, Cingapura, Austrália e Nova Zelândia possuem parcelas das ações preferenciais da Eletrobras. Estes fundos possuem volumes gigantescos de recursos para aplicar nos países em desenvolvimento, buscando rentabilizar a previdência e as reservas nos seus respectivos países (investimentos na casa dos bilhões de dólares). Não se trata de investidores de pequeno porte. Investidores desta natureza tem acesso às autoridades brasileiras como Ministros de Estado. O Fundo de Cingapura tem cerca de 5% das ações preferenciais da Eletrobras e o Fundo Norueguês (Norges Bank) também possui cerca de 5% das ações preferenciais da Eletrobras, por exemplo.
Alguns Fundos Soberanos e Fundos de Investimento têm participação expressiva no Banco BTG que está avaliando os ativos da Eletrobras e na Equatorial.
O BTG é proprietário de uma das maiores comercializadoras de energia do país, tem SPEs de energia, tem participação minoritária na Equatorial Energia (concorrente que já se manifestou publicamente o interesse nos ativos da Eletrobras), tem participação representativa numa das maiores empresas de geração térmica do país (a ENEVA) e, mesmo sendo concorrente da Eletrobras e tendo interesse conflitante com a companhia, está realizando a avaliação de ativos da Eletrobras, tendo acesso a contratos de comercialização do portfólio de usinas, estratégias financeiras, resultados financeiros, dentre outros. Uma afronta a razoabilidade questionada pelo TCU.
Representatividade de Fundos de Investimento e grandes bancos internacionais no capital social da Eletrobras
Bancos Globais como JP Morgan, Goldman Sachs, HSBC, BNP Paribas também possuem ações da Eletrobras. Em relação aos fundos de investimentos estrangeiros, basta ler uma Ata de Assembleia Geral Ordinária da Eletrobras, disponível no site da Eletrobras no link de Relações com Investidores, para ver centenas de fundos norte-americanos e europeus com participação expressiva em ações preferenciais da Empresa.
Cabe ressaltar que o fundo norte americano BlackRock tem cerca de 5% das ações preferenciais da Eletrobras e é o líder global de gestão de investimento no mundo com US$ 6,3 trilhões de dólares em ativos (base 2017) e o Vanguard, que também tem ações da Eletrobras e gerencia US$ 5,1 trilhões de dólares em ativos.
Lembramos que o PIB do Brasil em 2017 foi de R$ 6,6 trilhões que, divididos por um câmbio médio de R$/US$ 3,20, daria cerca US$ 2 trilhões de dólares. Ou seja, fundos com mais que o triplo do PIB brasileiro tem ações da Eletrobras e apostam nesta “democratização do capital”. Uma “democratização” que não passa de uma privatização irresponsável que prestigiará os grandes fundos de investimento internacionais e nacionais.
O conjunto da obra do Conflito de Interesse só aumenta:
– conselheiro da Engie (concorrente) no Conselho de Administração da Eletrobras;
– contratação do BTG que tem ativos no setor elétrico, comercializadora, empresa de energia e participação na Equatorial para avaliar ativos da Eletrobras;
– negociação direta de ativo com a Equatorial dentro do conceito “lustra móvel” de oportunidade de negócio (ao arrepio do TCU);
– contratação da FSB para falar mal da companhia e influenciar a opinião pública;
– viagem para Nova York para participar da premiação do Sérgio Moro e prestigiar o prefeito paulista João Doria;
– contratação de procurador da AGU, Ricardo Brandão, como consultor jurídico geral, mesmo a Eletrobras litigando bilhões contra a União em relação ao empréstimo compulsório, além da companhia dizer ao mercado que discorda do parecer da ANEEL sobre RGR (que impôs graves prejuízos para a companhia), processo administrativo conduzido pelo próprio Ricardo Brandão;
– atuação contínua no Congresso Nacional para pressionar políticos e lideranças em prol da privatização da Eletrobras;
– tentativa de emplacar os seus aliados em posições dentro da companhia.
Existe uma grande chance da privatização da Eletrobras significar a perda da soberania nacional em um insumo estratégico para o desenvolvimento econômico, social, industrial, tecnológico, integração nacional, regional, estadual e local do Brasil.
O CNE alerta: estamos de olho! Defenderemos a soberania do Brasil e o fortalecimento da Eletrobras!
Fonte: http://www.fnucut.org.br/por-que-venda-da-eletrobras-atica-o-interesse-de-grandes-investidores/