Ao longo da história do Brasil, existiram milhares de figuras que abdicaram de conforto ou deram sua própria vida em nome da verdadeira justiça e da liberdade do povo brasileiro. Algumas se destacam ainda mais, por serem alvo da elite – que tenta calar suas vozes para evitar perder seu poder.
Neste sábado (21), temos o feriado de Tiradentes – símbolo da Inconfidência Mineira. Também se completam duas semanas da prisão do ex-presidente Lula – figura que já entrou pra história com o prêmio de “Campeão Mundial na Luta Contra a Fome”, da ONU.
Tiradentes: Enforcado por defender a liberdade
Era século XVIII, por volta de 1790, quando um grupo de intelectuais, padres e detentores de patentes militares de Vila Rica (hoje Ouro Preto) começou a pensar em uma revolta contra a coroa portuguesa. O professor da UFMG, João Furtado, explica que a maioria dos inconfidentes se rebelava contra a forma agressiva com que Portugal cobrava os impostos em Minas Gerais.
Em abril de 1792, os reis portugueses descobriram a conspiração e mandaram enforcar e esquartejar Tiradentes, a fim de inibir movimentos que também articulassem a liberdade do Brasil de Portugal.
De todos os integrantes da revolta, apenas Tiradentes foi morto. Por quê? “Ele era o líder que mais divulgava as ideias da Inconfidência. Ao dar muita publicidade à Inconfidência, foi identificado como o principal propagandista e escolhido para ser eliminado pela coroa”, argumenta o professor. Outros dizem que ele foi o escolhido para servir de exemplo por ser o mais pobre entre seus companheiros, que eram integrantes da burguesia da época.
O enforcamento de Tiradentes aconteceu no Rio de Janeiro, na praça da Lampadosa (hoje praça Tiradentes) e pedaços de seu corpo foram colocados ao longo da estrada até Vila Rica, onde foi exibida sua cabeça.
Lula: hoje preso, presidente tirou o Brasil do mapa da fome
Primeiro presidente operário deste país, Lula dedicou os oito anos de seu mandato para melhorar a vida da população brasileira. Dos menos afortunados à conhecida “classe média”, a maior parte da população ascendeu durante este período.
Em 2002, o Brasil ocupava a 13ª posição no ranking global de economias medido pelo PIB em dólar, segundo dados do Banco Mundial e FMI. Chegou a ser o 6º em 2011. Nos mandatos do PT, de Lula e Dilma, os índices de pobreza brasileiros caíram pela metade com a emergência de uma nova classe média.
Muitos jovens se tornaram os primeiros de suas famílias a ter um diploma universitário, e depois de gerações, muitas famílias puderam ter seu primeiro carro ou a primeira casa própria.
A ascensão da classe mais pobre mudou a vida da burguesia, que teve que dividir a sala de aula das universidades com alunos periféricos, sentar do lado de uma empregada doméstica no avião. Os direitos conquistados pelos trabalhadores também tiraram o sono de muitos patrões, que visavam apenas lucrar cada vez mais em cima de uma mão de obra barata. Essa nova realidade incomodou muita gente, e em uma grande manobra, envolvendo o judiciário, os banqueiros, a mídia, o imperialismo e a maior parte dos parlamentares brasileiros, a presidenta Dilma Rousseff, sucessora de Lula, sofreu um impeachment em 2014. Como parte do golpe, há duas semanas, o ex-presidente Lula foi preso, após sair em primeiro lugar em todas as pesquisas pela corrida presidencial de 2018.
O grande interesse do extermínio da figura de Lula é assegurar o domínio do poder da elite no país, para garantir o acúmulo de riqueza da burguesia nacional e internacional.
O enfrentamento que está ocorrendo pelo povo brasileiro e pela sociedade civil organizada no acampamento em Curitiba e demais localidades do país é para defender Lula e o que ele representa – o compromisso com a democracia e com o povo.