Milhões de paulistanos ficaram sem energia elétrica por dias nas últimas semanas. Os transtornos à população paulista começaram na sexta-feira (11), quando um temporal de cerca de 30 minutos atingiu o estado. Cerca de 2,1 milhões de residências ficaram sem fornecimento de energia na ocasião. Em nota divulgada no sábado (12), a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) intimou a Enel – empresa privada de energia – a prestar esclarecimentos sobre o ocorrido e levantou a hipótese de recomendar o fim da concessão da empresa.
A privatização de serviços públicos essenciais, como o fornecimento de energia elétrica, tem gerado amplos debates no Brasil, especialmente em São Paulo, onde a Enel, empresa responsável pela distribuição de energia no estado, enfrenta críticas severas. A recente crise de fornecimento, que resultou em cortes generalizados de energia em diversas regiões da capital e municípios adjacentes, levanta questionamentos sobre a eficácia e os males do modelo privatizado.
Um dos principais problemas da privatização é a redução da qualidade do serviço. Empresas privadas, como a Enel, priorizam o lucro e a satisfação dos acionistas, muitas vezes em detrimento da manutenção de infraestrutura e da qualidade do serviço prestado. No caso específico de São Paulo, as quedas frequentes de energia, muitas vezes em situações de chuva intensa ou calor excessivo, indicam que a empresa não tem investido adequadamente na modernização do sistema. Esse tipo de negligência afeta milhões de consumidores que dependem de energia para atividades básicas cotidianas. No Paraná, quando acontece uma chuva mais forte, os cidadãos vivem momentos parecidos com a Copel, que foi privatizada recentemente.
Aumento nas Tarifas
Um dos argumentos a favor da privatização é que ela traria mais eficiência e, consequentemente, menores custos. No entanto, o que se observou em São Paulo foi o oposto: tarifas de energia subiram significativamente nos últimos anos. Empresas privadas, livres da necessidade de prestação de contas ao público, acabam repassando seus custos e buscando margens de lucro mais altas, sobrecarregando financeiramente a população. Essa lógica de maximização de lucros, comum na iniciativa privada, contradiz o princípio de universalidade do serviço público, que deveria prezar pela acessibilidade e justiça social.
Falta de Responsabilidade Social
Empresas estatais têm, como princípio, o dever de servir o interesse público. No entanto, a privatização do setor de energia afastou esse compromisso, focando mais em resultados financeiros do que em sua função social. Isso ficou evidente durante crises recentes, em que a população sofreu longos períodos sem energia, e as empresas se mostraram lentas e ineficazes na resolução dos problemas. Sem a pressão do interesse público, as empresas privatizadas muitas vezes não sentem a mesma obrigação de manter padrões de qualidade e prontidão nos serviços.